quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Coisas do Lucas 35

- Mamã, tu és as mãe mais linda de todos os planetas. Sabes porquê?
- Não. Porquê?
(Sento-me, fecho os olhos e preparo-me para uma massagem ao ego.)
- Porque nos outros planetas não há mães. Porque os outros planetas ou são muito gelados, ou são muito quentes e não dá para viver lá.
(Ah. Ok. Fica para a próxima.)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Coisas de Irmãos 2

- Mãe, o Lucas é o meu namolado.
- Não sou nada teu namorado!
- És, és.
- Não, eu não posso ser teu namorado. Tu tens que arranjar é uma namorada fora da família. Não posso ser eu, nem o papá, nem a mamã. E quando te quiseres casar, mesmo que cases com um homem, tem que ser com um desconhecido. Mas é melhor arranjares uma mulher, senão não podes ter bebés.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Coisas de Irmãos

O Manuel chega a choramingar ao pé de mim. (adoro ouvi-lo a falar à chinês)
- Mããããe! O Lucas fez-me uma rasteila lá no qualto e eu caí e fiz um doi-doi!
O Lucas chega atrás, indignado.
- Ih! Granda mentira! Não foi no quarto, foi no corredor!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As conversas do Manuel 6

Sábado, 5 e meia da tarde, lá fora está frio e anoitece. Vou dar com o Manuel sentado, sozinho, na penumbra da cozinha, a comer uma bolacha. Fico um momento a olhar para ele.
- Eu gosto de estar sozinho, mãe.
Diz-me este rapazinho que, com três anos e quase meio, tantas vezes me faz sentir pequenina, de tão grande que é.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Coisas do Lucas 34 ou Ida Natalícia aos Correios

Somos uma família que gosta de manter algumas tradições, uma delas tem como objectivo não substituir completamente os jogos de tabuleiro por jogos de vídeo, outra é continuar a enviar postais de Natal, até porque temos amigos e famelga que vivem longe.
De modo que, hoje, munida de uma sacola cheia de envelopes prontos a partir para os seus destinos, lá fui para os Correios, depois de ir buscar as crianças, que o pai hoje chega mais tarde.
Depois de tentarem arrombar as caixas de correio dos apartados, construirem uma casinha na cabine telefónica, fazerem rasteiras um ao outro (e não aos outros utentes, menos mal) e percorrerem todo o chão na posição horinzontal, o Lucas e o Manuel sentaram-se ao meu lado para fazer uma pequena pausa.
Nesse momento, entrou e posicionou-se ao meu lado um senhor de fato e gravata. Os meus filhos olharam-no de boca aberta, como se estivessem a ver o próprio Pai Natal. E o Lucas, que já me salvou de tantos embaraços devido ao facto de falar comigo em alemão, desta vez ia na onda e falou em português. E perguntou-me (por que é que eles perguntam estas coisas sempre tão alto?): Mãe, porque é que este está tão jeitoso?
(Fico sempre admirada com o novo vocabulário adquirido)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Só se for... na Tailândia?

Workshops, livros, sites, tudo a martelar um pobre professor. Não ponham os alunos perante frases irreais. Para que o processo de aprendizagem tenha sucesso, eles têm que ser confrontados com frases que possam usar na vida real. Coisas com contexto.
Hm hm. Aha. Okay.
E depois chego a casa e é isto.


P.S.: O pai também não tem mota nenhuma.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Também vos acontece?

Todos nós temos as nossas coisinhas a carregar nesta vida, e uma das que eu carrego e que me pesa muito é ter de andar quase 100 km de carro por dia, quatro dias por semana.
Eu sei que as viagens de 40 e tal km para cada lado são rápidas. Eu sei que nem tenho que sair cedo de casa e nem volto muito tarde (mas pago isto com a precariedade do meu trabalho, sim?). Também sei que até nem apanho trânsito e que as estradas que percorro estão em bom estado e nem têm muitas curvas.
Mas é a minha alma ecológica que me dói quando penso em todo o CO2 que eu, insignificante habitante do Planeta, lanço constantemente para a atmosfera. Há quem sonhe com Porsches e BMWs, eu sonho com um veículo movido a ar. Em noites loucas, sonho até que Lisboa é Estocolmo, os transportes públicos abundam e estão sempre ali quando precisamos deles, para nos levar a todo o lado. E, nessa cidade bela e funcional, eu ando sempre de autocarro, de eléctrico e de metro, vou levar e buscar os meus filhos, vou trabalhar e, às sextas à tarde, faço voluntariado numa agência florestal, onde planto árvores para me redimir da pegada ecológica que criei aquando dos meus tempos de diesel-dependente.

As minhas viagens de carro, porém, não me são desagradáveis per se. Oiço imensos programas interessantes na rádio, organizo pensamentos, lembro-me de coisas, resolvo assuntos, reflicto, falo com pessoas, falo comigo. E faço posts mentais. Se a tecnologia já estivesse assim tão avançada e os posts passassem directamente da mente para o blog, então eu escreveria cerca de 10 posts por dia. Eu tenho ideias giras, eu escrevo o post na minha cabeça, parágrafos, vírgulas, reticências, do princípio ao fim.
Mas o que acontece é que as minhas viagens de carro são uma espécie de mundo paralelo. Assim que saio do carro, sou engolida pela vida real. E, de repente, tudo se some. Sobre o que é que eu queria escrever mesmo? Bolas, aquela ideia era interessante.
Nada. Varre-se-me tudo e depois, quando (muito) mais tarde me sento em frente ao computador, a energia para escrever foi-se e o output dá lugar ao input.
É assim comigo.
Também vos acontece?

sábado, 27 de novembro de 2010

7 anos

Há 7 anos atrás, a esta hora, estava eu deitada na MAC, sabendo que daí a pouco tempo te iriam tirar de mim, mais hora menos hora. Tinha chegado a altura de nasceres, tu que desde o início foste rebelde e resolveste permanecer sentado, em vez de te colocares na posição de lançamento para o mundo.
E assim passámos a noite, à espera, e eu que sou tão impaciente, tive toda a paciência para esperar por ti.
Estava um pouco nervosa, mas sem medo, prestes a ser mãe pela primeira vez.
Tinha ouvido teorias de dezenas de mães acerca de toda e qualquer temática relacionada com bebés. Tinha lido livros e revistas e estudos e estava informada e preparada para tudo. Pensava eu.
Mas a verdade é que, às 8.13 da manhã, quando finalmente nasceste e me olhaste, curioso, com os teus grandes olhos azuis, percebi que afinal não sabia nada. De repente, quando te vi, o mundo virou-se ao contrário, tudo o que era até ali passou a ser de outra maneira, verdades passaram a ser relativas e o meu coração partiu para um mundo paralelo e desconhecido, e deixou de ser meu.
E agora já passaram 7 anos. Cada dia és um bocadinho menos o meu bebé, achas tu, mas eu digo-te que o vais ser para sempre. Porque quando te deitas no meu colo onde já mal cabes, basta fechar os olhos e tu tens outra vez 48 centímetros e os meus braços são o lugar mais feliz do mundo para ti.

domingo, 21 de novembro de 2010

As conversas do Manuel 5

Este meu filho continua a desarmar-me, dengoso, agora com conversas novas que só pode ter ouvido no infantário e com que me presenteia entre mimos e abraços:
- Mãe, és uma linda pinchesa. És a pinchesa com uma saia. És a Banca de Neve. E eu sou o pínchepe. E depois vais-me buscar à minha escola e vamos casar, okay?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sebastião

Quando, na minha idade, nos aparece inesperadamente no caminho uma amiga, uma amiga do coração, escaldadas que estamos pela vida, até desconfiamos. Mas depois o tempo vai passando e coisas vão-se vivendo e momentos vão-se partilhando e a certa altura parece que essa amiga sempre esteve lá.
E agora dou por mim emocionada e imensamente feliz por ter podido partilhar com a minha amiga a chegada do Sebastião, por ter visto uma barriga crescer e por poder ter ido a correr conhecê-lo quando, cheio de pressa, resolveu nascer.
Desejo ao Sebastião uma vida cheia de alegria.

Reinhard Mey - Mein Apfelbäumchen

Adenda:
Quando o meu primeiro filho nasceu, a minha amiga Annika enviou-me um cd com esta canção pelo correio. E eu, uma mãe de primeira viagem com um recém-nascido nos braços, enterrada até ao pescoço nos sentimentos avassaladores que só conhece quem segura no colo um filho acabado de nascer, chorava lágrimas de felicidade ao ouvi-la, porque ela conseguia por em palavras tudo o que eu sentia. Peço desculpa aos não-falantes desta língua germânica, mas é a canção mais bonita que eu conheço. E agora dedico-a à Sara e ao Sebastião.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As conversas do Manuel 4

Ontem na escola houve teatro de sombras chinesas. A história do S. Martinho.
Quando fui buscar o Manuel, a caminho do carro, pedi-lhe para me contar como foi.
Então foi assim:
- Estava ali um pobelito, e o S. Matinho patiu a sua capa e comelam o pão e comelam a maçã e depois veio o sol.
:)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

:)

Hoje fiz sopa de couve coração, enquanto o meu coração estava na Maternidade Alfredo da Costa, com a Elisa, a menina dos muitos nomes a quem devo tanto.
Entretanto liguei para lá e soube que nasceu o seu tão desejado menino.
Parto normal, como ela tanto queria.
É sempre com emoção que recebo estas notícias.
Parabéns e uma vida feliz...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Coisas do Lucas 33

Quase 9 da manhã na garagem, no auge do "vá, despacha-te" matinal, enquanto entramos para o carro mais as nossas 300000 malas e sacos, a correr para ir para a escola e para o trabalho, o Lucas, como sempre, não se deixa afectar pelo meu stress:

- Mãe, eu não sou os meus pés, nem as minhas mãos, nem o meu corpo, eu só os mexo. Eu sou só movimento.
- Ah...

Ainda estou a tentar encaixar esta.
Acho que o Lucas só não me diz que não é possível banharmo-nos duas vezes nas águas do mesmo rio, porque não temos o hábito de nos banhar em rios.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Halloween

Não sou mesmo nada fã da importação de tradições. Por isso, quando no infantário do Manuel pediram para trazer uma abóbora para festejar o Halloween, torci o nariz e só não me recusei porque não quis ser o chamado party-pooper.
Pelo que, depois de ter encomendado uma abóbora na frutaria, eis que hoje ao serão me entreguei à estimulante actividade de preparar a dita cuja, o que consistiu de 1. cortar uma tampa na abóbora, 2. retirar fios e sementes, 3. retirar do interior todo o recheio que conseguisse, para ao menos aproveitar e fazer uma sopa (entusiasmei-me nesta parte e fiz-lhe um buraco em baixo, mas ninguém vê).
Devo mencionar neste ponto que sou uma grande azelha com facas, pel
o que a execução destas tarefas equivaleu para mim mais ou menos a uma iniciação ao trapezismo, mas sem rede.
Não precisam, porém, de temer pela minha integridade física. Concluí o processo sem danos de maior, excepto para a abóbora, que sofre
u uns cortes desnecessários (ao contrário do que tinha imaginado, recortar formas na abóbora foi fácil. Pelo contrário, a faca desliza incontrolavelmente pela casca, e o difícil é fazê-la parar a tempo, como o observador mais atento reparará).
Et voilá o resultado.


Poderia agora dizer que gostei tanto da experiência que passei a adorar o Halloween, e vai ser ver-me a bater às portas da vizinhança na noite de 31 a pedir doçuras ou travessuras. Mas... não.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ajudem-me Que Eu Não Estou Preparada Para Isto

Ontem depois do almoço fui ao café, e o Lucas quis vir comigo.
Saímos de casa e, ao descer a rua, vimos uma menina sentada no parapeito de uma montra, à espera de alguém. Devia ter mais ou menos a idade do Lucas.
Olharam-se os dois demoradamente, para o Lucas passar logo a fingir que não a via. Só que não quis passar à frente dela, e foi dar a volta por trás de uns carros. Entretanto eu passei, continuei a andar, e eis senão quando ouço assobiar. Parei. Estaria a ouvir bem? Sim. Outro assobio. E eram assobios que não deixavam margem para dúvidas. Daqueles de fui fuiu.
Olho para trás e lá vem o Lucas, com cara de quem não sabe onde se meter, e a gajinha sentada continuava a assobiar para ele. Quando reparou que eu estava a ver, começou a olhar para o ar como se não fosse nada com ela.

Inspira. Expira.

Eu, grande defensora da emancipação das mulheres, estou deveras chocada.
Será que já está na altura de falar sobre as abelhas e o pólen? Confesso que não esperava que fosse já.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Coisas do Lucas 32

À mesa do pequeno almoço, estudando o pacote verde à sua frente:
- Mãe, se bebermos deste leite ficamos meio gordos?


(Já há muito tempo que o Lucas vem tentando juntar as letras e adoro a nova sonoridade que ele consegue dar às palavras, antes de conseguir perceber de que palavra se trata e a pronunciar correctamente. Além de todo um mundo de novas interpretações. Isto promete.)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EAT PRAY LOVE

Conhecem a sensação de ter lido e gostado muito de um livro e depois verem o filme e ficarem desiludidos?
Pois. Não foi assim. Mas de certa maneira, foi.
Passo a explicar.
Um filme fica quase sempre aquém de um bom livro, talvez porque não corresponde ao que imaginámos (não pode) e raramente consegue superá-lo. Um (bom) livro acompanha-nos durante dias, semanas, meses. Lemos, imaginamos, trabalhamos, remoemos, conotamos conforme o que se passa naquele momento na nossa própria vida. Temos detalhes e mais detalhes e vamos crescendo com a história, enchendo-nos dela, especulando, bocejando, desesperando.
E um filme... é uma viagem de, quando muito, cerca de duas horas, que não deixa muito espaço para imaginar.
Este é o livro que qualquer mulher quer ler, por uma simples razão: conta a história de uma mulher que se liberta de uma vida que a asfixia e vai. Vira a mesa. Voa. Carrega na pausa e o play segue noutros lugares, noutras dimensões, a outros ritmos. Sozinha, sem ninguém para a amparar, sem ninguém para a moldar. Nada a provar a ninguém. À procura de si própria. E o melhor de tudo: é uma história real.
Não que todas nós estejamos desertas por deixar tudo para trás e ir atrás de outras experiências, mas confessem: quem não imagina, de vez em quando, um "e se a minha vida fosse diferente?"
Vale a pena ver, nem que seja pelas imagens da Índia e pelas paisagens da Indonésia (e pelo guarda-roupa da Julia Roberts - autsch). E para ir comer pasta a seguir.
Mas... leiam primeiro o livro.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Waffles ou O Alcance de Uma Batedeira Comum na Velocidade 2


Por que é que, nos livros e nos filmes, mães e filhos vão para a cozinha às gargalhadas e passam momentos de qualidade em família preparando iguarias juntos?
Por que é que, nos livros e nos filmes, as mães se riem dos seus filhotes marotos que metem os dedos, as mãos, os braços, a roupa na massa do bolo, por que é que os deixam partir os ovos e acham todos imensa piada quando um cai ao chão? ups! que giro!
Por que é que, nos livros e nos filmes, os meninos, depois de misturarem o açúcar com a manteiga e os ovos, não apontam com a batedeira para o tecto e a ligam na velocidade máxima?
Just wondering.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A vida é bela

Quando se atravessa uma paisagem deserta ao por do sol com esta música bem alta no carro.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

E o que eu gosto desta música?

Panjabi MC - Mundian To Bach Ke

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Coisas do Lucas 31

Em plena praia, passa diante de nós uma senhora dos seus 70 anos, deveras avantajada, num fato-de-banho gigante de padrão tigrado.
O Lucas olha, fascinado.
- Iiiina mãe! Aquela está vestida à Tarzan!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Podia estar a correr melhor

Pois é.
Os meus receios estão a tornar-se realidade. Podem dizer-me que ah eu é que estava muito ansiosa e passei a tensão para ele, mas não me parece. Tenho praticado o reforço positivo em todas as variantes que me ocorrem até à exaustão, mas não está a funcionar. Vamos na segunda semana de aulas e o Lucas não quer ir para a escola.
Agarra-se a mim e chora baixinho. "Gosto tanto de ti, quero ficar contigo, fica aqui ao pé de mim, não quero que te vás embora, passo o dia a pensar em ti". Como lidar com isto?

Hipótese 1: é só agora ao início, ele depois habitua-se.
Argumentos meus: já é o terceiro ano do Lucas nesta escola, uma vez que fez dois anos de pré. Nem no primeiro ano fez fita para ir. Conhece quase todos os meninos e sempre se sentiu bem lá.

Hipótese 2: o meu gajinho quer é liberdade, andar a jogar à bola e a brincar. Pois. Parece-me que é mais isso. Na pré não notava tanto o ter de estar sentado a trabalhar, porque havia sempre brincadeira pelo meio.
Argumentos meus: tem mesmo que ser assim? Será que não é possível fazer a escola apetecível para as crianças? Eles que estão ávidos de aprender e de experimentar coisas novas? Custa-me tanto que uma criança de 6 anos já ache que a escola é uma seca. E não quero responsabilizar ninguém, até porque tenho muita esperança que a atitude dele venha a mudar em breve.

Até lá, fico a matutar nesta facada no coração, desculpem, frases que trocámos hoje de manhã no caminho para a escola:
- Mamã, gosto tanto de ti que não acaba nunca.
- Eu também filho.
- Então se gostas de mim, porque é que me levas para a escola e ficas o dia inteiro sem me ver?

Sim, como explicar-lhe isto se nem eu percebo esta lógica de passarmos os dias, as semanas, a vida longe daqueles que são mais importantes para nós?
Rai's parta a civilização.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Volver

Voltar das férias, voltar ao trabalho, voltar à escola.

Voltar a meter os fatos de banho nas gavetas, voltar a desfazer as malas.

Voltar a ter que levantar cedo, voltar à loucura das manhãs, voltar a vê-lo subir a rua para a escola e pensar que gostava era de passar o dia com ele.

Desta vez, vai de mochila às costas, para o primeiro ano, o meu menino.

Vejo-o sentado na sala, rodeado de muitos outros rostos entre o assustado e o expectante, e dá-me assim uma nostalgia imensa. Vai correr bem.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dia dos Avós

Por uma feliz coincidência, a escola do Lucas esteve fechada na segunda-feira, o que fez com que ele fosse com o Manuel para casa dos avós. (Teria ido de qualquer modo.)
Assim, tiveram ambos a sorte de passar o Dia dos Avós com os próprios.
Sou grata pelos avós que os meus filhos têm de uma maneira que não consigo explicar.
Os meus pais dedicam-se aos meus filhos de um modo que jamais poderei agradecer. Dedicam-lhes tanto de si, tanto amor, tanto tempo, tanta alegria. É o melhor património que neste momento podem partilhar e a que uma criança pode ser exposta.
Li algures há pouco tempo que os netos são filhos com açúcar. Acho que também posso dizer que os avós são pais com açúcar. A minha mãe é uma mãe com muito açúcar para os meus filhos. Tem uma meiguice e uma paciência invejáveis e sabe levá-los bem melhor que eu (mãe explosiva de pavio curto), sem ser demasiado permissiva. E o meu pai, que às vezes me parece zangado com a vida, brinca às escondidas com o neto mais novo com o maior dos entusiasmos.
De cada vez que os vejo juntos sinto o coração inchar de alegria por termos todos esta oportunidade tão valiosa de enriquecimento mútuo.
E, já que estou numa de agradecimento ao universo, não posso deixar de falar na enorme dádiva que é, aos 36 anos, eu própria ainda ter um avô, um homem extraordinário e de uma lealdade infinita, por um lado severo, mas que sempre se comoveu com os netos e, agora, de uma forma muito especial, com os bisnetos. Agradeço que os meus filhos tenham também um bisavô na vida deles, ainda que não se vejam tantas vezes como eu gostaria.
E depois... ficará para sempre a questão: por que é que perdi tão cedo a minha avó materna, da qual tenho apenas recordações tão vagas?
Sinto uma falta imensa por não ter conhecido mais e crescido com a mãe da minha mãe e sua melhor amiga. E tudo o que ouço sobre ela faz este sentimento de falta crescer ainda mais. Uma mulher tão admirada e estimada que ainda hoje, mais de trinta anos depois de nos ter deixado, repentina e inesperadamente, numa véspera de Natal, as pessoas que a conheceram me vêm falar dela e de como era especial. Tenho a certeza de que teríamos sido também grandes amigas. E sei que ela teria sido a minha mãe com açúcar.
...
Viva os avós. Obrigada aos avós. Sem eles o equilíbrio das famílias seria infinitamente mais frágil.

sábado, 24 de julho de 2010

Toma que é para aprenderes

Quase 10 da manhã e o Lucas ainda dorme. Como hoje fico em casa, deixo-o dormir. Às tantas acorda, bem disposto, e com olhos angelicais pede: Posso ficar em casa?
Tinha pensado em levá-lo para a escola umas horas, mas pronto. Tadinho. Eu em casa com o irmão e levo-o para a escola? Que mãe megera.
Fica em casa, e os dois brincam enquanto eu faço as mil coisas que tenho na lista, e eu toda contente por ter os meus meninos comigo e até faço tudo mais depressa.
Pois claro.
Mas não. Claro que não correu assim. Nunca corre, mas acho que faz parte da condição de mãe esta esquizofrenia de sentimentos.
Será desnecessário dizer que não brincaram harmoniosamente nem 5 minutos.
Que, quando estão juntos, só têm ideias levadas da breca.
Não vou entrar em detalhes sobre o quase-partido-candeeiro-de-lava no móvel da sala.
Também não vale a pena falar muito sobre o iogurte líquido entornado sobre metade da extensão do acabado-de-lavar-chão-da-cozinha. (Como fazer com que os sapatos deixem de se colar ao chão, mesmo após várias passagens com a esfregona? Anyone?)
Só queria contar que, ao fim do dia, sentei-me desgrenhada no sofá e enviei ao meu esposo a seguinte sms:
"O Lucas e o Manuel são meus filhos e amo-os muito. Mas, por favor, quando chegares a casa faz com que eu não dê por eles durante o resto do dia."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Buraco no coração

Tal como no ano passado por esta altura, o Manuel foi de férias com os avós.
Quando retirámos do carro a cadeirinha para a colocar no carro do avô, ficaram no banco umas mossas, fruto de 2 anos de Manuel sentado, com o seu peso crescente. Com o passar dos dias e a ausência da cadeira, as mossas foram desaparecendo, e o banco voltou a estar como novo. Ao contrário de mim. Com o passar dos dias e a ausência do Manuel, as mossas no meu coração foram aumentando até se transformarem numa cratera, que tenho agora que contornar com cuidado, para não cair lá para dentro.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A perda do Self

No passado fim-de-semana estive com uma amiga de longa data. Era domingo, meio-dia e ela tinha acabado de se levantar. Não tem filhos, já se vê. Há quantos anos não durmo até ao meio-dia? Não quero contar. (7)
Fiquei a pensar. (medo)
Os filhos tiram-nos tanto. Queremos dormir mais um pouco - hahaha, perdão - queremos dormir a noite toda seguidinha e, nope, só se eles deixarem.
De manhã queremos sair de casa a horas, impossível.
Queremos manter a roupa pouco enxovalhada ou, vá, sem nódoas, antes de ir para o trabalho, ensinam-nos a cada manhã valores mais nobres que o aspecto físico.
Queremos passar o sábado de papo para o ar a ler, dão-nos com o martelo do Bob o Construtor na testa e obrigam-nos a dar corda aos sapatos.
Queremos tomar o pequeno almoço às tantas e só voltar a comer ao jantar, e lá vêm os sentimentos de culpa.
Queremos almoçar no restaurante indiano que abriu há pouco tempo aqui perto, mandam-nos plantar batatas com as novas experiências culinárias, que eles é que não abrem a boca para comer aquilo, e é ver chacuti de frango a voar pela sala.
Queremos sair com amigos, ir ao cinema, ir ao teatro, bezerrar em frente à televisão ou qualquer outra actividade mais ou menos interessante... mas não. Eles é que mandam.
Só que depois... (e avisa-se desde já a quem não tem filhos para se abster de fazer julgamentos sobre as próximas frases, do género ai que lamechice)
... olham para nós e falam-nos do planeta Pluto, que já não existe. Contam-nos que "uns astronautas foram lá e viram que já não dá para viver ali. Por isso o Pluto foi-se embora. É mesmo verdade!"
... ou então adormecem ao nosso lado com a cara colada à nossa e transmitem-nos a melhor sensação do mundo porque mostram que tudo está bem só porque estamos ali.
... ou então vamos pela rua e sentimos aquelas mãozitas, tão pequenas mas que enchem as nossas, dizendo-nos que estão prontos para ir connosco para todo o lado e para nos mostrar detalhes no caminho que não veríamos sem eles.
... vêm a correr para nós quando os vamos buscar à tarde como se fossemos a pessoa mais importante do mundo, porque somos a pessoa mais importante do seu mundo.
... mostram-nos que o probleminha que nos estava a chatear afinal é tão insignificante ao lado de uma gargalhada, de um abraço, de um olhar de cumplicidade.

Os filhos tiram-nos tanto... tiram-nos quase tudo o que achávamos que era essencial, para depois nos retribuirem com tão mais do que é, mesmo, invisível aos olhos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coisas do Lucas 29

8 da manhã. O Lucas prepara-se para ir para a escola. Diz-me que é hoje o torneio contra os meninos do primeiro ano, enquanto veste uns calções de futebol. Calça as meias mais compridas que encontra na gaveta e estica-as o mais que pode. As danadas, porém, não ficam nos joelhos e insistem em escorregar pelas canelas abaixo. Depois de as puxar furiosamente para cima umas quantas vezes, o Lucas irrita-se, mas logo encontra uma solução.
- Ó mãe, traz-me aí a cola.

domingo, 6 de junho de 2010

Coisas do Lucas 28

Menina estás à janela com o teu................
Estou na cozinha
a cantarolar. O Lucas aparece e pergunta:

- Essa canção é do Toni Carreira?


Choque.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas do Lucas 27

(assim do nada)
- Mãe, mesmo assim gosto muito de ti.
- Porquê "mesmo assim"?
- Porque tu trabalhas muito.
(eu acho que deviam gostar de mim PORQUE trabalho muito... mas a minha lógica é outra).

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As Conversas do Manuel 3


Mamã, tu tens a roupa nos pés.


terça-feira, 11 de maio de 2010

As Conversas do Manuel 2

Acho que o Manuel ainda não consegue distinguir bem a realidade dos sonhos. Pelo menos é o que parece quando acorda e conta com grande convicção o que "viu", sentado na cama, olhinhos estremunhados e cabelo desgrenhado:
- Eu vi um leão. Ele disse: "Queres café?" E eu disse "não, eu só bebo leitinho".

domingo, 9 de maio de 2010

Coisas do Lucas 26 (as coisas do Lucas nem sempre são para rir...)

Hoje, ao pequeno almoço.
- Mãe, aos meninos também abrem a barriga?
(uns segundos para tentar apanhar)
- Sim, se tiverem que ser operados.
- Eu vou ser operado?
- Não sei, espero que não.
- O Manuel foi operado, não foi? À cabeça, não é?
- Sim. (ainda estremeço quando falo nisto)
- Abriram-lhe a cabeça?
- Sim.
(faz uma careta. Depois vira-se para o irmão)
- Manuel, quando tu eras bebé foste operado e abriram-te a cabeça.
(o Manuel olha para ele, depois para mim, olhos muito abertos, e pergunta)
- eu?
Sorrio-lhe e mudo de assunto. O Lucas quer voltar à carga, mas o pai interrompe a conversa. Que um dia, quando ele tiver idade para perceber, lhe contaremos. Pergunto-me quando será esse dia e como se conta a uma criança que já passou por algo assim.
Há coisas que nos marcam para sempre, não há volta a dar.
Já passou.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Coisas que me irritam solenemente

Sábado, 5 da tarde, no parque. O Lucas joga à bola com o pai, o Manuel anda de baloiço há 15 minutos e não parece interessado em parar.
Ao nosso lado, uma menina anda de escorrega com igual entusiasmo, uma e outra vez.
- Maria, anda, vamos embora.
(A mãe está farta do parque.)
- Não quero, quero ficar mais um bocadinho!
(A Maria vê a coisa de outro modo.)
- Anda que já estou cheia de frio!
(cerca de 20 graus e sol.)
- Não quero!
(A Maria tem a persistência de uma pequena leoa.)
- Olha, então vou-me eu embora!
(A mãe começa a impacientar-se, mas que maçada, estes fedelhos, e ter que ir ao parque ao sábado à tarde, que seca.)
A Maria continua a andar de escorrega como se não houvesse amanhã e ignora a mãe.
(hihihi)
- Anda, vamos para casa, não queres ver os desenhos animados?
(Desleal, isto é desleal!)
A Maria hesita... e lá vai, vencida.
Sobe para o corrimão à saída do parque, como fazem quase todos os meninos que passam ali.
- Desce daí, vais cair e bater aí com a boca e depois ficas a deitar sangue!
(Bolas, que isto é demais. Não fosse eu tão recatada e teria perguntado à senhora se não se lembra de ter sido criança.)
E lá vai a Maria, pela mão, quietinha como se quer.
Quem me conhece sabe que a televisão é o último recurso aqui de casa para entreter as crianças. Claro que adoram o Ruca e o Martim Manhã e o Bob, mas liga-se a TV para ver uns episódios e depois desliga-se. Não compreendo este hábito de fazer da televisão baby-sitter e deixar as crianças horas a fio entregues a uma triste passividade. Isto aliado a uma super-protecção do tipo "não corras que vais cair", "não saltes que torces um pé", "não jogues à bola que podes esfolar os joelhos" e temos a mistura capaz de me por a milhas.
Não sou nenhuma super-mãe e tenho tantas coisas para fazer em casa como qualquer outra (com a diferença, talvez, de eu ser bem mais lerda para as tarefas domésticas do que boa parte das mulheres), mas só tiraria os meus filhos do parque aliciando-os com programas de televisão se estivesse a chover a potes ou alguém estivesse doente. E, por mais que eu estremeça por dentro, hão-de correr e cair o que tiverem que cair e torcer pés o que tiverem que torcer e esfolar joelhos o que tiverem esfolar. Humpf!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Coisas que admiro

Pessoas que mantêm o sentido de humor com a idade:
Li há tempos uma entrevista a uma senhora que completava 100 anos.
Depois de a inquirir acerca da sua descendência e do quão realizada se sentia como centenária, o jornalista perguntou, em jeito de brincadeira, se podia voltar daí a um ano para a entrevistar novamente. Resposta: "Porque não? O senhor não me parece ainda muito velho".

segunda-feira, 8 de março de 2010

Coisas do Lucas 25

Deitado na cama, quase a adormecer ao meu lado:
- Ainda bem que o meu pai escolheu uma mãe tão bonita!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ecologista que há em mim

Fico fula quando, na estrada, vejo objectos a serem arremessados pelas janelas dos carros. A janela abre e lá vai a garrafinha de água vazia. Esvoaça o lenço de papel usado. Sobe pelos ares o plástico do maço de cigarros, logo seguido pela prata, que fica a saltitar no asfalto. Basta continuar a seguir uns quilómetros o mesmo veículo e - lá vem ela, a beata, ao encontro da liberdade. Uma amiga minha chegou a levar com uma fralda descartável no vidro da frente - bem recheada, a avaliar pelo estrondo. Ó concidadãos, mas o que é isto?
Nestes momentos, sou sempre assaltada pela mesma dúvida: o que fazer? Sinais de luzes - que provavelmente não seriam entendidos? Apontar com o indicador para a testa, arriscando-me a levar uns sopapos, como já quase aconteceu? Até que, um dia, tive uma ideia. Fiz um cartaz com a imagem de um porco. Da próxima vez que assistir a uma destas agressões ambientais, estarei pronta para me colocar de imediato junto ao carro em questão e erguer o meu cartaz, tornando-o bem visível para o condutor vizinho. Macacos me mordam, um dia destes hei-de ter coragem de o fazer. (Talvez peça a colaboração do Lucas).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coisas do Lucas 24

- Mãe, compra-me um g0rmiti.
- Ó Lucas, esses bonecos são horríveis, horripilantes, são monstros, e nem sequer são monstros normais, são monstros deformados!
- Mas mãe, eu já tenho tantas coisas bonitas. Também posso ter algumas feias, não é?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

As conversas do Manuel

Estamos a ver um livro. Há uma imagem de uma família de pinguins - 2 adultos, um bebé, um filhote mais crescido. O Manuel aponta com o dedo e vai descrevendo:

- Mamã pinguim, papá pinguim, bebé pinguim, Lucas pinguim.

Estamos todos em conformidade com a norma, portanto. A norma que existe na cabecita do Manuel.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nunca voltes a um lugar onde já foste feliz

Viro esta regra ao contrário e, quase 20 anos depois, volto a um lugar onde fui infeliz.
Passados tantos anos - credo, estou mesmo velha -, agora, tudo me parece ali mais leve. As coisas mudam, eu mudei. Volto sem obrigações, sem pressões. Junto-me a mais uns quantos amantes da música, sento-me numa sala cheia de livros antigos, abro a boca e canto.
E o melhor não é a harmonia que sinto durante essa hora e meia, o melhor é mesmo o voltar para casa e continuar a cantar, sentir que a disposição fica lá em cima, junto das notas mais agudas. Vou buscar o Manuel e cantamos os dois no carro, a caminho de casa. Gosto de cantar com os meus filhos, e espero que eles continuem durante muito tempo a gostar de cantar comigo.
E pronto, este foi, até agora, o mais inesperado acontecimento de 2010.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Coisas do Lucas 23

Sábado ao jantar. Sento-me à mesa, estoirada depois de um dia bem recheado de tarefas domésticas. Sento-me à mesa e suspiro que estou cansada. Sábado cansa.
Levantar. Pequeno almoço completo. Lavar roupa. Estender roupa. Arrumar. Limpar. Fazer almoço. Arrumar cozinha. Apanhar roupa. Lavar roupa. Estender roupa. Fazer bolo de chocolate. Limpar a cozinha. Arrumar milhares de peças de roupa. Tentar dar banho ao Manuel. Inundar involuntariamente a casa-de-banho ao encher a banheira. Secar casa de banho. Retirar tampa da porcaria da banheira de hidromassagem (vão por mim, nunca queiram uma banheira de hidromassagem). De rabo para o ar, tirar a água do chão debaixo da banheira. Dar, finalmente, banho ao Manuel. Um momento de distracção e - o Manuel mostra-me orgulhoso o cocó que fez na banheira. Pescar cocós da água. Retirar rapidamente todos os brinquedos e o Manuel da banheira. Dar um duche ao Manuel. Secá-lo, vesti-lo. Limpar a banheira. Fazer o jantar a horas para os dois esfomeados que chegam da natação.
Sento-me à mesa e anuncio que não faço mais nada hoje, que estou cansada. O Lucas olha-me num misto de surpresa e pena:
- Não sabia que tinha uma mãe tão frágil.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

28 de Janeiro de 2008

Foi há dois anos - o dia mais comprido e mais difícil da minha vida. O dia em que entreguei o meu filho aos médicos para que lhe fizessem coisas indizíveis, mas necessárias. Passados dois anos, a sensação que tenho é que, se fosse hoje, não seria capaz. E, no entanto, sei que seria. Tinha que ser. Nada até hoje como a operação do Manuel me poderia ter tornado tão claro que crescemos mesmo com as nossas tarefas.
Mais uma vez, hoje penso também no Samuel, que vimos partir, mesmo ali ao nosso lado, e parecia que estava a dormir... Em como estarão o seu pai, o irmão, a avó, após dois anos sem ele. Penso na Joana, que percorria hábil os corredores do hospital numa cadeira de rodas com pesos de vários quilos presos à cabeça. Penso nos bebés recém-nascidos que não podiam estar em casa, aninhados no colo da mãe.

O Manuel tinha 6 meses. Agora olho para ele, tão crescido, e nem acredito que passámos por tudo isso. Que ele passou tanto. O meu pequeno grande herói.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Meu Blog Não Dava Um Programa De Rádio

Existem várias razões pelas quais tenho votado este meu insignificante espacinho virtual a um, ainda assim, não merecido abandono. Falta de tempo, falta de vontade, disciplina, falta dela, falta de inspiração, falta de jeito, mil coisas para dizer e não saber se, como e por onde começar.
Passámos uns dias no nosso refúgio num lugar
perdido onde voltámos a ver, finalmente, muita água, muito verde, muitas poças para saltar (viva as galochas!) e seres delicados que surgiam por todo o lado no caminho e nos levavam a andar aos ziguezagues. (Mas confesso: a cozinheira em mim não pôde deixar de sonhar com um belo molho de natas)


Bom ano novo.