quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coisas do Lucas 27

(assim do nada)
- Mãe, mesmo assim gosto muito de ti.
- Porquê "mesmo assim"?
- Porque tu trabalhas muito.
(eu acho que deviam gostar de mim PORQUE trabalho muito... mas a minha lógica é outra).

quarta-feira, 19 de maio de 2010

As Conversas do Manuel 3


Mamã, tu tens a roupa nos pés.


terça-feira, 11 de maio de 2010

As Conversas do Manuel 2

Acho que o Manuel ainda não consegue distinguir bem a realidade dos sonhos. Pelo menos é o que parece quando acorda e conta com grande convicção o que "viu", sentado na cama, olhinhos estremunhados e cabelo desgrenhado:
- Eu vi um leão. Ele disse: "Queres café?" E eu disse "não, eu só bebo leitinho".

domingo, 9 de maio de 2010

Coisas do Lucas 26 (as coisas do Lucas nem sempre são para rir...)

Hoje, ao pequeno almoço.
- Mãe, aos meninos também abrem a barriga?
(uns segundos para tentar apanhar)
- Sim, se tiverem que ser operados.
- Eu vou ser operado?
- Não sei, espero que não.
- O Manuel foi operado, não foi? À cabeça, não é?
- Sim. (ainda estremeço quando falo nisto)
- Abriram-lhe a cabeça?
- Sim.
(faz uma careta. Depois vira-se para o irmão)
- Manuel, quando tu eras bebé foste operado e abriram-te a cabeça.
(o Manuel olha para ele, depois para mim, olhos muito abertos, e pergunta)
- eu?
Sorrio-lhe e mudo de assunto. O Lucas quer voltar à carga, mas o pai interrompe a conversa. Que um dia, quando ele tiver idade para perceber, lhe contaremos. Pergunto-me quando será esse dia e como se conta a uma criança que já passou por algo assim.
Há coisas que nos marcam para sempre, não há volta a dar.
Já passou.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Coisas que me irritam solenemente

Sábado, 5 da tarde, no parque. O Lucas joga à bola com o pai, o Manuel anda de baloiço há 15 minutos e não parece interessado em parar.
Ao nosso lado, uma menina anda de escorrega com igual entusiasmo, uma e outra vez.
- Maria, anda, vamos embora.
(A mãe está farta do parque.)
- Não quero, quero ficar mais um bocadinho!
(A Maria vê a coisa de outro modo.)
- Anda que já estou cheia de frio!
(cerca de 20 graus e sol.)
- Não quero!
(A Maria tem a persistência de uma pequena leoa.)
- Olha, então vou-me eu embora!
(A mãe começa a impacientar-se, mas que maçada, estes fedelhos, e ter que ir ao parque ao sábado à tarde, que seca.)
A Maria continua a andar de escorrega como se não houvesse amanhã e ignora a mãe.
(hihihi)
- Anda, vamos para casa, não queres ver os desenhos animados?
(Desleal, isto é desleal!)
A Maria hesita... e lá vai, vencida.
Sobe para o corrimão à saída do parque, como fazem quase todos os meninos que passam ali.
- Desce daí, vais cair e bater aí com a boca e depois ficas a deitar sangue!
(Bolas, que isto é demais. Não fosse eu tão recatada e teria perguntado à senhora se não se lembra de ter sido criança.)
E lá vai a Maria, pela mão, quietinha como se quer.
Quem me conhece sabe que a televisão é o último recurso aqui de casa para entreter as crianças. Claro que adoram o Ruca e o Martim Manhã e o Bob, mas liga-se a TV para ver uns episódios e depois desliga-se. Não compreendo este hábito de fazer da televisão baby-sitter e deixar as crianças horas a fio entregues a uma triste passividade. Isto aliado a uma super-protecção do tipo "não corras que vais cair", "não saltes que torces um pé", "não jogues à bola que podes esfolar os joelhos" e temos a mistura capaz de me por a milhas.
Não sou nenhuma super-mãe e tenho tantas coisas para fazer em casa como qualquer outra (com a diferença, talvez, de eu ser bem mais lerda para as tarefas domésticas do que boa parte das mulheres), mas só tiraria os meus filhos do parque aliciando-os com programas de televisão se estivesse a chover a potes ou alguém estivesse doente. E, por mais que eu estremeça por dentro, hão-de correr e cair o que tiverem que cair e torcer pés o que tiverem que torcer e esfolar joelhos o que tiverem esfolar. Humpf!