sábado, 27 de novembro de 2010

7 anos

Há 7 anos atrás, a esta hora, estava eu deitada na MAC, sabendo que daí a pouco tempo te iriam tirar de mim, mais hora menos hora. Tinha chegado a altura de nasceres, tu que desde o início foste rebelde e resolveste permanecer sentado, em vez de te colocares na posição de lançamento para o mundo.
E assim passámos a noite, à espera, e eu que sou tão impaciente, tive toda a paciência para esperar por ti.
Estava um pouco nervosa, mas sem medo, prestes a ser mãe pela primeira vez.
Tinha ouvido teorias de dezenas de mães acerca de toda e qualquer temática relacionada com bebés. Tinha lido livros e revistas e estudos e estava informada e preparada para tudo. Pensava eu.
Mas a verdade é que, às 8.13 da manhã, quando finalmente nasceste e me olhaste, curioso, com os teus grandes olhos azuis, percebi que afinal não sabia nada. De repente, quando te vi, o mundo virou-se ao contrário, tudo o que era até ali passou a ser de outra maneira, verdades passaram a ser relativas e o meu coração partiu para um mundo paralelo e desconhecido, e deixou de ser meu.
E agora já passaram 7 anos. Cada dia és um bocadinho menos o meu bebé, achas tu, mas eu digo-te que o vais ser para sempre. Porque quando te deitas no meu colo onde já mal cabes, basta fechar os olhos e tu tens outra vez 48 centímetros e os meus braços são o lugar mais feliz do mundo para ti.

domingo, 21 de novembro de 2010

As conversas do Manuel 5

Este meu filho continua a desarmar-me, dengoso, agora com conversas novas que só pode ter ouvido no infantário e com que me presenteia entre mimos e abraços:
- Mãe, és uma linda pinchesa. És a pinchesa com uma saia. És a Banca de Neve. E eu sou o pínchepe. E depois vais-me buscar à minha escola e vamos casar, okay?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sebastião

Quando, na minha idade, nos aparece inesperadamente no caminho uma amiga, uma amiga do coração, escaldadas que estamos pela vida, até desconfiamos. Mas depois o tempo vai passando e coisas vão-se vivendo e momentos vão-se partilhando e a certa altura parece que essa amiga sempre esteve lá.
E agora dou por mim emocionada e imensamente feliz por ter podido partilhar com a minha amiga a chegada do Sebastião, por ter visto uma barriga crescer e por poder ter ido a correr conhecê-lo quando, cheio de pressa, resolveu nascer.
Desejo ao Sebastião uma vida cheia de alegria.

Reinhard Mey - Mein Apfelbäumchen

Adenda:
Quando o meu primeiro filho nasceu, a minha amiga Annika enviou-me um cd com esta canção pelo correio. E eu, uma mãe de primeira viagem com um recém-nascido nos braços, enterrada até ao pescoço nos sentimentos avassaladores que só conhece quem segura no colo um filho acabado de nascer, chorava lágrimas de felicidade ao ouvi-la, porque ela conseguia por em palavras tudo o que eu sentia. Peço desculpa aos não-falantes desta língua germânica, mas é a canção mais bonita que eu conheço. E agora dedico-a à Sara e ao Sebastião.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As conversas do Manuel 4

Ontem na escola houve teatro de sombras chinesas. A história do S. Martinho.
Quando fui buscar o Manuel, a caminho do carro, pedi-lhe para me contar como foi.
Então foi assim:
- Estava ali um pobelito, e o S. Matinho patiu a sua capa e comelam o pão e comelam a maçã e depois veio o sol.
:)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

:)

Hoje fiz sopa de couve coração, enquanto o meu coração estava na Maternidade Alfredo da Costa, com a Elisa, a menina dos muitos nomes a quem devo tanto.
Entretanto liguei para lá e soube que nasceu o seu tão desejado menino.
Parto normal, como ela tanto queria.
É sempre com emoção que recebo estas notícias.
Parabéns e uma vida feliz...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Coisas do Lucas 33

Quase 9 da manhã na garagem, no auge do "vá, despacha-te" matinal, enquanto entramos para o carro mais as nossas 300000 malas e sacos, a correr para ir para a escola e para o trabalho, o Lucas, como sempre, não se deixa afectar pelo meu stress:

- Mãe, eu não sou os meus pés, nem as minhas mãos, nem o meu corpo, eu só os mexo. Eu sou só movimento.
- Ah...

Ainda estou a tentar encaixar esta.
Acho que o Lucas só não me diz que não é possível banharmo-nos duas vezes nas águas do mesmo rio, porque não temos o hábito de nos banhar em rios.