domingo, 29 de janeiro de 2012

Grizzly Man

Respeito e admiro a coragem. Respeito e admiro o amor pelos animais, pela natureza, pela vida selvagem. Rejeito o fundamentalismo. De qualquer espécie.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Coisas do Lucas 43

O Lucas está a ler. Na história há uma senhora de idade que tem um livro muito especial. Parece que o livro lhe conta a história da sua própria vida. Ao acabar de ler o livro, a senhora recosta-se para trás na cadeira de baloiço e fecha os olhos. Agora, o Lucas deve inventar um final para a história. Criativo como é, não me espanto quando prontamente diz:
- Já sei o que aconteceu.
- Sim? O que é que achas que aconteceu? (Imagino as coisas mais mirabolantes)
- A velha morreu.

domingo, 22 de janeiro de 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Joana

Querida Joana,
queria contar-te uma história. É a tua história, a parte dela que eu vivi, que foi tão mais pequena do que eu gostaria.
Primeiro, há 7 anos atrás, a notícia. Lembro-me do riso e do espanto, da felicidade e do receio que partilhei com a tua mãe numa certa manhã de outono. O teu irmão com poucos meses de vida e já tu vinhas a caminho.
Depois, lembro-me da tua mãe, Mulher forte, sempre prática e despachada, carregando um bebé na barriga e outro no colo para todo o lado. Das idas dela para a praia, sozinha com o teu irmão de um ano e um barrigão de 8 meses. E logo, em Agosto, da alegria que veio com a mensagem do teu pai, avisando-nos da tua chegada.
Pouco tempo depois, as aflições começaram. A tua luta pela vida, a luta dos teus pais por ti. Não há maior tormento do que saber que o nosso bebé não está bem. Que tem que ser submetido a inúmeras intervenções médicas quando só queríamos estar em casa e tê-lo aconchegado a nós.
Seguiram-se meses e anos em que os nossos amigos deram a volta ao seu mundo para que tu estivesses o melhor possível. Para que a tua casa não fosse sempre um hospital. Surgiu Paris como o melhor lugar para tu viveres. E foi para lá que foram. Primeiro a dois, depois a quatro.
Os teus pais são um exemplo de força e coragem, a prova de que tudo é possível, basta que a vontade seja do tamanho do amor por um filho. Vira-se a mesa e recomeça-se, sem lamentos desnecessários. Aprende-se a fazer massagens respiratórias. A fazer tratamentos e mudar catéteres intravenosos. Arranja-se um quarto em casa onde tudo tem que estar esterilizado. Deixam-se empregos. Deixa-se a casa. Muda-se de país. Muda-se a vida toda.
Quando nos vimos pela última vez, era já mais que evidente o teu delicioso sotaque francês. Sentadas a uma mesa do aeroporto Charles de Gaulle, lemos juntas a história do bolo desaparecido e ensinaste-me a dizer canard. Passeei com a tua mãe por corredores intermináveis, empurrando o teu carrinho e falando de um presente que era um limbo e de um futuro que era um grande ponto de interrogação.

E agora assim, de repente, esta notícia que me esmaga e me deixa o olhar ausente e as acções lentas. Queria tanto estar ao pé da tua mãe.
Como disse uma vez aqui, Joana, foste a menina mais doce que conheci. Estarás sempre no meu coração.