quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Palavrões

Achei que tinha tido a minha dose de choque para a vida quando, numa tarde quente de outubro, há uns anos atrás, com o meu bebé de 2 meses ao colo, ouvi de um médico o palavrão "escafocefalia".
Enganei-me.
Hoje, com o outro filhote, já tão crescido e todo feliz da vida por ter andado de metro, tive que ouvir outro. É apenas uma suspeita e, por isso, resisto a introduzir o palavrão no google. Recuso esse auto-flagelo e espero - ah, a espera, como consegue ser terrível a espera - pela próxima semana, altura em que, talvez, venhamos a saber mais.
E tudo o que senti há 4 anos e meio atrás volta com a mesma intensidade. Mas sem o factor surpresa. Em vez dele, uma sensação de estar dorida com pancada que já levei. A sensação de já ter estado neste lugar. Como um tsunami que me invade os dias e leva tudo à frente.
E, mais uma vez, sentindo que me passaram para as mãos um pacote que não posso, mas tenho que carregar.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

As Conversas do Manuel 11 ou Como não Morrer de Amor por Este Menino?

Assim, de repente aparece na cozinha:
- Mama, ich liebe meine ganze Familie.*
* Mãe, eu amo a minha família inteira.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Coisas do Lucas 44 ou Como A Palavra de 2011 Já Penetrou na Cabeça dos Mais Novos

Estamos na fronteira, à nossa frente corre fresco o Guadiana, a observar os barcos e o casario branco da localidade quase-espelho na outra banda. Como sou a única que já lá esteve, conto como são as coisas do outro lado, logo ali, e ao mesmo tempo tão longe: que as pessoas falam outra língua. Que dormem a siesta. Que dantes costumava atravessar o rio com amigos e tinhamos que esperar que as lojas voltassem a abrir às 5 para comprarmos gelados com pesetas. Que ali tudo parece mais organizado, mais arrumadinho. Menos pobrezinho.
O Lucas remata logo, em defesa da sua camisola:
- Mas, também, eles não têm medidas de austeridade!
(Filho, aos 8 anos eu nunca tinha sequer ouvido essa palavra, muito
menos pensado nela. Lamento que ela já faça parte activa do teu vocabulário e te inquiete o espírito...)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Barcelona

Não sou propriamente esquisita no que diz respeito a destinos de viagens. Para mim, viajar, só por si, já tem fascínio suficiente. Quando era mais nova, chegava a ir ao aeroporto só para sentir o cheiro a viagens, perder-me num mar de gente a chegar e a partir.
Mas Barcelona é, de facto, mesmo para fasquias ma
is altas do que a minha, uma cidade fascinante.
Lá encontrei uma irresistível mistura de coisas boas e que, pelos vistos, afinal podem coexistir: por um lado, a alegria de Espanha, o pituresco, as ruas cheias a toda a hora (apesar do frio, muito), as palavras de sílabas abertas e sonoras, ditas com uma auto-confiança que parece vir nos genes. Por outro, a organização da Europa do norte: o sistema de bicicletas públicas, a organização dos transportes em geral, a conservação do património. É outro mundo, mesmo aqui ao lado.