quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Coisas do Lucas 35

- Mamã, tu és as mãe mais linda de todos os planetas. Sabes porquê?
- Não. Porquê?
(Sento-me, fecho os olhos e preparo-me para uma massagem ao ego.)
- Porque nos outros planetas não há mães. Porque os outros planetas ou são muito gelados, ou são muito quentes e não dá para viver lá.
(Ah. Ok. Fica para a próxima.)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Coisas de Irmãos 2

- Mãe, o Lucas é o meu namolado.
- Não sou nada teu namorado!
- És, és.
- Não, eu não posso ser teu namorado. Tu tens que arranjar é uma namorada fora da família. Não posso ser eu, nem o papá, nem a mamã. E quando te quiseres casar, mesmo que cases com um homem, tem que ser com um desconhecido. Mas é melhor arranjares uma mulher, senão não podes ter bebés.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Coisas de Irmãos

O Manuel chega a choramingar ao pé de mim. (adoro ouvi-lo a falar à chinês)
- Mããããe! O Lucas fez-me uma rasteila lá no qualto e eu caí e fiz um doi-doi!
O Lucas chega atrás, indignado.
- Ih! Granda mentira! Não foi no quarto, foi no corredor!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As conversas do Manuel 6

Sábado, 5 e meia da tarde, lá fora está frio e anoitece. Vou dar com o Manuel sentado, sozinho, na penumbra da cozinha, a comer uma bolacha. Fico um momento a olhar para ele.
- Eu gosto de estar sozinho, mãe.
Diz-me este rapazinho que, com três anos e quase meio, tantas vezes me faz sentir pequenina, de tão grande que é.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Coisas do Lucas 34 ou Ida Natalícia aos Correios

Somos uma família que gosta de manter algumas tradições, uma delas tem como objectivo não substituir completamente os jogos de tabuleiro por jogos de vídeo, outra é continuar a enviar postais de Natal, até porque temos amigos e famelga que vivem longe.
De modo que, hoje, munida de uma sacola cheia de envelopes prontos a partir para os seus destinos, lá fui para os Correios, depois de ir buscar as crianças, que o pai hoje chega mais tarde.
Depois de tentarem arrombar as caixas de correio dos apartados, construirem uma casinha na cabine telefónica, fazerem rasteiras um ao outro (e não aos outros utentes, menos mal) e percorrerem todo o chão na posição horinzontal, o Lucas e o Manuel sentaram-se ao meu lado para fazer uma pequena pausa.
Nesse momento, entrou e posicionou-se ao meu lado um senhor de fato e gravata. Os meus filhos olharam-no de boca aberta, como se estivessem a ver o próprio Pai Natal. E o Lucas, que já me salvou de tantos embaraços devido ao facto de falar comigo em alemão, desta vez ia na onda e falou em português. E perguntou-me (por que é que eles perguntam estas coisas sempre tão alto?): Mãe, porque é que este está tão jeitoso?
(Fico sempre admirada com o novo vocabulário adquirido)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Só se for... na Tailândia?

Workshops, livros, sites, tudo a martelar um pobre professor. Não ponham os alunos perante frases irreais. Para que o processo de aprendizagem tenha sucesso, eles têm que ser confrontados com frases que possam usar na vida real. Coisas com contexto.
Hm hm. Aha. Okay.
E depois chego a casa e é isto.


P.S.: O pai também não tem mota nenhuma.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Também vos acontece?

Todos nós temos as nossas coisinhas a carregar nesta vida, e uma das que eu carrego e que me pesa muito é ter de andar quase 100 km de carro por dia, quatro dias por semana.
Eu sei que as viagens de 40 e tal km para cada lado são rápidas. Eu sei que nem tenho que sair cedo de casa e nem volto muito tarde (mas pago isto com a precariedade do meu trabalho, sim?). Também sei que até nem apanho trânsito e que as estradas que percorro estão em bom estado e nem têm muitas curvas.
Mas é a minha alma ecológica que me dói quando penso em todo o CO2 que eu, insignificante habitante do Planeta, lanço constantemente para a atmosfera. Há quem sonhe com Porsches e BMWs, eu sonho com um veículo movido a ar. Em noites loucas, sonho até que Lisboa é Estocolmo, os transportes públicos abundam e estão sempre ali quando precisamos deles, para nos levar a todo o lado. E, nessa cidade bela e funcional, eu ando sempre de autocarro, de eléctrico e de metro, vou levar e buscar os meus filhos, vou trabalhar e, às sextas à tarde, faço voluntariado numa agência florestal, onde planto árvores para me redimir da pegada ecológica que criei aquando dos meus tempos de diesel-dependente.

As minhas viagens de carro, porém, não me são desagradáveis per se. Oiço imensos programas interessantes na rádio, organizo pensamentos, lembro-me de coisas, resolvo assuntos, reflicto, falo com pessoas, falo comigo. E faço posts mentais. Se a tecnologia já estivesse assim tão avançada e os posts passassem directamente da mente para o blog, então eu escreveria cerca de 10 posts por dia. Eu tenho ideias giras, eu escrevo o post na minha cabeça, parágrafos, vírgulas, reticências, do princípio ao fim.
Mas o que acontece é que as minhas viagens de carro são uma espécie de mundo paralelo. Assim que saio do carro, sou engolida pela vida real. E, de repente, tudo se some. Sobre o que é que eu queria escrever mesmo? Bolas, aquela ideia era interessante.
Nada. Varre-se-me tudo e depois, quando (muito) mais tarde me sento em frente ao computador, a energia para escrever foi-se e o output dá lugar ao input.
É assim comigo.
Também vos acontece?