domingo, 31 de janeiro de 2010

Coisas do Lucas 23

Sábado ao jantar. Sento-me à mesa, estoirada depois de um dia bem recheado de tarefas domésticas. Sento-me à mesa e suspiro que estou cansada. Sábado cansa.
Levantar. Pequeno almoço completo. Lavar roupa. Estender roupa. Arrumar. Limpar. Fazer almoço. Arrumar cozinha. Apanhar roupa. Lavar roupa. Estender roupa. Fazer bolo de chocolate. Limpar a cozinha. Arrumar milhares de peças de roupa. Tentar dar banho ao Manuel. Inundar involuntariamente a casa-de-banho ao encher a banheira. Secar casa de banho. Retirar tampa da porcaria da banheira de hidromassagem (vão por mim, nunca queiram uma banheira de hidromassagem). De rabo para o ar, tirar a água do chão debaixo da banheira. Dar, finalmente, banho ao Manuel. Um momento de distracção e - o Manuel mostra-me orgulhoso o cocó que fez na banheira. Pescar cocós da água. Retirar rapidamente todos os brinquedos e o Manuel da banheira. Dar um duche ao Manuel. Secá-lo, vesti-lo. Limpar a banheira. Fazer o jantar a horas para os dois esfomeados que chegam da natação.
Sento-me à mesa e anuncio que não faço mais nada hoje, que estou cansada. O Lucas olha-me num misto de surpresa e pena:
- Não sabia que tinha uma mãe tão frágil.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

28 de Janeiro de 2008

Foi há dois anos - o dia mais comprido e mais difícil da minha vida. O dia em que entreguei o meu filho aos médicos para que lhe fizessem coisas indizíveis, mas necessárias. Passados dois anos, a sensação que tenho é que, se fosse hoje, não seria capaz. E, no entanto, sei que seria. Tinha que ser. Nada até hoje como a operação do Manuel me poderia ter tornado tão claro que crescemos mesmo com as nossas tarefas.
Mais uma vez, hoje penso também no Samuel, que vimos partir, mesmo ali ao nosso lado, e parecia que estava a dormir... Em como estarão o seu pai, o irmão, a avó, após dois anos sem ele. Penso na Joana, que percorria hábil os corredores do hospital numa cadeira de rodas com pesos de vários quilos presos à cabeça. Penso nos bebés recém-nascidos que não podiam estar em casa, aninhados no colo da mãe.

O Manuel tinha 6 meses. Agora olho para ele, tão crescido, e nem acredito que passámos por tudo isso. Que ele passou tanto. O meu pequeno grande herói.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Meu Blog Não Dava Um Programa De Rádio

Existem várias razões pelas quais tenho votado este meu insignificante espacinho virtual a um, ainda assim, não merecido abandono. Falta de tempo, falta de vontade, disciplina, falta dela, falta de inspiração, falta de jeito, mil coisas para dizer e não saber se, como e por onde começar.
Passámos uns dias no nosso refúgio num lugar
perdido onde voltámos a ver, finalmente, muita água, muito verde, muitas poças para saltar (viva as galochas!) e seres delicados que surgiam por todo o lado no caminho e nos levavam a andar aos ziguezagues. (Mas confesso: a cozinheira em mim não pôde deixar de sonhar com um belo molho de natas)


Bom ano novo.