terça-feira, 26 de outubro de 2010

Halloween

Não sou mesmo nada fã da importação de tradições. Por isso, quando no infantário do Manuel pediram para trazer uma abóbora para festejar o Halloween, torci o nariz e só não me recusei porque não quis ser o chamado party-pooper.
Pelo que, depois de ter encomendado uma abóbora na frutaria, eis que hoje ao serão me entreguei à estimulante actividade de preparar a dita cuja, o que consistiu de 1. cortar uma tampa na abóbora, 2. retirar fios e sementes, 3. retirar do interior todo o recheio que conseguisse, para ao menos aproveitar e fazer uma sopa (entusiasmei-me nesta parte e fiz-lhe um buraco em baixo, mas ninguém vê).
Devo mencionar neste ponto que sou uma grande azelha com facas, pel
o que a execução destas tarefas equivaleu para mim mais ou menos a uma iniciação ao trapezismo, mas sem rede.
Não precisam, porém, de temer pela minha integridade física. Concluí o processo sem danos de maior, excepto para a abóbora, que sofre
u uns cortes desnecessários (ao contrário do que tinha imaginado, recortar formas na abóbora foi fácil. Pelo contrário, a faca desliza incontrolavelmente pela casca, e o difícil é fazê-la parar a tempo, como o observador mais atento reparará).
Et voilá o resultado.


Poderia agora dizer que gostei tanto da experiência que passei a adorar o Halloween, e vai ser ver-me a bater às portas da vizinhança na noite de 31 a pedir doçuras ou travessuras. Mas... não.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ajudem-me Que Eu Não Estou Preparada Para Isto

Ontem depois do almoço fui ao café, e o Lucas quis vir comigo.
Saímos de casa e, ao descer a rua, vimos uma menina sentada no parapeito de uma montra, à espera de alguém. Devia ter mais ou menos a idade do Lucas.
Olharam-se os dois demoradamente, para o Lucas passar logo a fingir que não a via. Só que não quis passar à frente dela, e foi dar a volta por trás de uns carros. Entretanto eu passei, continuei a andar, e eis senão quando ouço assobiar. Parei. Estaria a ouvir bem? Sim. Outro assobio. E eram assobios que não deixavam margem para dúvidas. Daqueles de fui fuiu.
Olho para trás e lá vem o Lucas, com cara de quem não sabe onde se meter, e a gajinha sentada continuava a assobiar para ele. Quando reparou que eu estava a ver, começou a olhar para o ar como se não fosse nada com ela.

Inspira. Expira.

Eu, grande defensora da emancipação das mulheres, estou deveras chocada.
Será que já está na altura de falar sobre as abelhas e o pólen? Confesso que não esperava que fosse já.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Coisas do Lucas 32

À mesa do pequeno almoço, estudando o pacote verde à sua frente:
- Mãe, se bebermos deste leite ficamos meio gordos?


(Já há muito tempo que o Lucas vem tentando juntar as letras e adoro a nova sonoridade que ele consegue dar às palavras, antes de conseguir perceber de que palavra se trata e a pronunciar correctamente. Além de todo um mundo de novas interpretações. Isto promete.)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EAT PRAY LOVE

Conhecem a sensação de ter lido e gostado muito de um livro e depois verem o filme e ficarem desiludidos?
Pois. Não foi assim. Mas de certa maneira, foi.
Passo a explicar.
Um filme fica quase sempre aquém de um bom livro, talvez porque não corresponde ao que imaginámos (não pode) e raramente consegue superá-lo. Um (bom) livro acompanha-nos durante dias, semanas, meses. Lemos, imaginamos, trabalhamos, remoemos, conotamos conforme o que se passa naquele momento na nossa própria vida. Temos detalhes e mais detalhes e vamos crescendo com a história, enchendo-nos dela, especulando, bocejando, desesperando.
E um filme... é uma viagem de, quando muito, cerca de duas horas, que não deixa muito espaço para imaginar.
Este é o livro que qualquer mulher quer ler, por uma simples razão: conta a história de uma mulher que se liberta de uma vida que a asfixia e vai. Vira a mesa. Voa. Carrega na pausa e o play segue noutros lugares, noutras dimensões, a outros ritmos. Sozinha, sem ninguém para a amparar, sem ninguém para a moldar. Nada a provar a ninguém. À procura de si própria. E o melhor de tudo: é uma história real.
Não que todas nós estejamos desertas por deixar tudo para trás e ir atrás de outras experiências, mas confessem: quem não imagina, de vez em quando, um "e se a minha vida fosse diferente?"
Vale a pena ver, nem que seja pelas imagens da Índia e pelas paisagens da Indonésia (e pelo guarda-roupa da Julia Roberts - autsch). E para ir comer pasta a seguir.
Mas... leiam primeiro o livro.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Waffles ou O Alcance de Uma Batedeira Comum na Velocidade 2


Por que é que, nos livros e nos filmes, mães e filhos vão para a cozinha às gargalhadas e passam momentos de qualidade em família preparando iguarias juntos?
Por que é que, nos livros e nos filmes, as mães se riem dos seus filhotes marotos que metem os dedos, as mãos, os braços, a roupa na massa do bolo, por que é que os deixam partir os ovos e acham todos imensa piada quando um cai ao chão? ups! que giro!
Por que é que, nos livros e nos filmes, os meninos, depois de misturarem o açúcar com a manteiga e os ovos, não apontam com a batedeira para o tecto e a ligam na velocidade máxima?
Just wondering.