sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Também vos acontece?

Todos nós temos as nossas coisinhas a carregar nesta vida, e uma das que eu carrego e que me pesa muito é ter de andar quase 100 km de carro por dia, quatro dias por semana.
Eu sei que as viagens de 40 e tal km para cada lado são rápidas. Eu sei que nem tenho que sair cedo de casa e nem volto muito tarde (mas pago isto com a precariedade do meu trabalho, sim?). Também sei que até nem apanho trânsito e que as estradas que percorro estão em bom estado e nem têm muitas curvas.
Mas é a minha alma ecológica que me dói quando penso em todo o CO2 que eu, insignificante habitante do Planeta, lanço constantemente para a atmosfera. Há quem sonhe com Porsches e BMWs, eu sonho com um veículo movido a ar. Em noites loucas, sonho até que Lisboa é Estocolmo, os transportes públicos abundam e estão sempre ali quando precisamos deles, para nos levar a todo o lado. E, nessa cidade bela e funcional, eu ando sempre de autocarro, de eléctrico e de metro, vou levar e buscar os meus filhos, vou trabalhar e, às sextas à tarde, faço voluntariado numa agência florestal, onde planto árvores para me redimir da pegada ecológica que criei aquando dos meus tempos de diesel-dependente.

As minhas viagens de carro, porém, não me são desagradáveis per se. Oiço imensos programas interessantes na rádio, organizo pensamentos, lembro-me de coisas, resolvo assuntos, reflicto, falo com pessoas, falo comigo. E faço posts mentais. Se a tecnologia já estivesse assim tão avançada e os posts passassem directamente da mente para o blog, então eu escreveria cerca de 10 posts por dia. Eu tenho ideias giras, eu escrevo o post na minha cabeça, parágrafos, vírgulas, reticências, do princípio ao fim.
Mas o que acontece é que as minhas viagens de carro são uma espécie de mundo paralelo. Assim que saio do carro, sou engolida pela vida real. E, de repente, tudo se some. Sobre o que é que eu queria escrever mesmo? Bolas, aquela ideia era interessante.
Nada. Varre-se-me tudo e depois, quando (muito) mais tarde me sento em frente ao computador, a energia para escrever foi-se e o output dá lugar ao input.
É assim comigo.
Também vos acontece?

4 comentários:

Sara Correia disse...

tambem me acontece.... :) parece que quando fechamos a porta do nosso carro para a nossa viagem diaria trabalho-casa-trabalho, entramos numa dimensão só nossa...o tempo é aproveitado para actividades mentais que normamente têm pouco espaço na nossa vida rotineira... pena mesmo, é como dizes, que quando saimos do carro, fechamos a porta e fechamos muitas vezes a porta desse mundo mental onde tantas coisas processadas eram giras naquele minuto e rapidamente são esquecidas porque penetramos, então, no mundo real tão agitado, tão cheio de outras informações. Deixando às vezes penduradas decisões/ pensamentos para a próxima viagem!:)
* Sara correia

c disse...

Tanto potencial a não ser aproveitado, bolas.

Carla Guiomar disse...

Nos dias loucos da semana, entre as solicitações do trabalho, da casa e das crianças, o tempo no carro é muitas vezes o tempo precioso que temos para estarmos sozinhas com os nossos pensamentos e nos nascerem as ideias... Quando comecei a dar por mim a conduzir e a tirar notas ao volante... decidi comprar um gravador de voz, que é muito útil e bem mais seguro! Que nenhum momento de criatividade seja desperdiçado! Aqui fica a sugestão! :)

c disse...

Olá Carla, é uma muito boa sugestão, e também já tinha pensado nisso, até que reparei que até tenho essa funcionalidade no telemóvel. Seria realmente uma boa ideia, não fosse o facto de eu não conseguir falar com a máquina. Não me sai nada de jeito. Talvez seja uma questão de hábito. Vou voltar a tentar!