segunda-feira, 3 de maio de 2010

Coisas que me irritam solenemente

Sábado, 5 da tarde, no parque. O Lucas joga à bola com o pai, o Manuel anda de baloiço há 15 minutos e não parece interessado em parar.
Ao nosso lado, uma menina anda de escorrega com igual entusiasmo, uma e outra vez.
- Maria, anda, vamos embora.
(A mãe está farta do parque.)
- Não quero, quero ficar mais um bocadinho!
(A Maria vê a coisa de outro modo.)
- Anda que já estou cheia de frio!
(cerca de 20 graus e sol.)
- Não quero!
(A Maria tem a persistência de uma pequena leoa.)
- Olha, então vou-me eu embora!
(A mãe começa a impacientar-se, mas que maçada, estes fedelhos, e ter que ir ao parque ao sábado à tarde, que seca.)
A Maria continua a andar de escorrega como se não houvesse amanhã e ignora a mãe.
(hihihi)
- Anda, vamos para casa, não queres ver os desenhos animados?
(Desleal, isto é desleal!)
A Maria hesita... e lá vai, vencida.
Sobe para o corrimão à saída do parque, como fazem quase todos os meninos que passam ali.
- Desce daí, vais cair e bater aí com a boca e depois ficas a deitar sangue!
(Bolas, que isto é demais. Não fosse eu tão recatada e teria perguntado à senhora se não se lembra de ter sido criança.)
E lá vai a Maria, pela mão, quietinha como se quer.
Quem me conhece sabe que a televisão é o último recurso aqui de casa para entreter as crianças. Claro que adoram o Ruca e o Martim Manhã e o Bob, mas liga-se a TV para ver uns episódios e depois desliga-se. Não compreendo este hábito de fazer da televisão baby-sitter e deixar as crianças horas a fio entregues a uma triste passividade. Isto aliado a uma super-protecção do tipo "não corras que vais cair", "não saltes que torces um pé", "não jogues à bola que podes esfolar os joelhos" e temos a mistura capaz de me por a milhas.
Não sou nenhuma super-mãe e tenho tantas coisas para fazer em casa como qualquer outra (com a diferença, talvez, de eu ser bem mais lerda para as tarefas domésticas do que boa parte das mulheres), mas só tiraria os meus filhos do parque aliciando-os com programas de televisão se estivesse a chover a potes ou alguém estivesse doente. E, por mais que eu estremeça por dentro, hão-de correr e cair o que tiverem que cair e torcer pés o que tiverem que torcer e esfolar joelhos o que tiverem esfolar. Humpf!

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