segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ecologista que há em mim

Fico fula quando, na estrada, vejo objectos a serem arremessados pelas janelas dos carros. A janela abre e lá vai a garrafinha de água vazia. Esvoaça o lenço de papel usado. Sobe pelos ares o plástico do maço de cigarros, logo seguido pela prata, que fica a saltitar no asfalto. Basta continuar a seguir uns quilómetros o mesmo veículo e - lá vem ela, a beata, ao encontro da liberdade. Uma amiga minha chegou a levar com uma fralda descartável no vidro da frente - bem recheada, a avaliar pelo estrondo. Ó concidadãos, mas o que é isto?
Nestes momentos, sou sempre assaltada pela mesma dúvida: o que fazer? Sinais de luzes - que provavelmente não seriam entendidos? Apontar com o indicador para a testa, arriscando-me a levar uns sopapos, como já quase aconteceu? Até que, um dia, tive uma ideia. Fiz um cartaz com a imagem de um porco. Da próxima vez que assistir a uma destas agressões ambientais, estarei pronta para me colocar de imediato junto ao carro em questão e erguer o meu cartaz, tornando-o bem visível para o condutor vizinho. Macacos me mordam, um dia destes hei-de ter coragem de o fazer. (Talvez peça a colaboração do Lucas).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coisas do Lucas 24

- Mãe, compra-me um g0rmiti.
- Ó Lucas, esses bonecos são horríveis, horripilantes, são monstros, e nem sequer são monstros normais, são monstros deformados!
- Mas mãe, eu já tenho tantas coisas bonitas. Também posso ter algumas feias, não é?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

As conversas do Manuel

Estamos a ver um livro. Há uma imagem de uma família de pinguins - 2 adultos, um bebé, um filhote mais crescido. O Manuel aponta com o dedo e vai descrevendo:

- Mamã pinguim, papá pinguim, bebé pinguim, Lucas pinguim.

Estamos todos em conformidade com a norma, portanto. A norma que existe na cabecita do Manuel.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nunca voltes a um lugar onde já foste feliz

Viro esta regra ao contrário e, quase 20 anos depois, volto a um lugar onde fui infeliz.
Passados tantos anos - credo, estou mesmo velha -, agora, tudo me parece ali mais leve. As coisas mudam, eu mudei. Volto sem obrigações, sem pressões. Junto-me a mais uns quantos amantes da música, sento-me numa sala cheia de livros antigos, abro a boca e canto.
E o melhor não é a harmonia que sinto durante essa hora e meia, o melhor é mesmo o voltar para casa e continuar a cantar, sentir que a disposição fica lá em cima, junto das notas mais agudas. Vou buscar o Manuel e cantamos os dois no carro, a caminho de casa. Gosto de cantar com os meus filhos, e espero que eles continuem durante muito tempo a gostar de cantar comigo.
E pronto, este foi, até agora, o mais inesperado acontecimento de 2010.