sábado, 17 de janeiro de 2009

Professora primária

Nunca fez parte da minha lista de profissões de sonho. Nem tentei nunca enveredar por este aventuroso caminho. Foi daquelas coisas. Calhou-me na rifa. Uma rifa a desenrolar a partir de ontem, 2 horas por dia.
Estava positivamente nervosa e expectante. Planeei jogos e actividades motivantes. Imaginei exercícios em forma de brincadeira. Tentei desenhar na minha cabeça os alunos que me esperavam. Vi olhos curiosos, meninos espertos e sedentos de aprender.
Pensei também que estava talvez a ser um pouco ingénua. Mas não. Estava a ser completamente estúpida.
Encontrei crianças que não são capazes de ocupar o seu lugar por mais do que uns poucos minutos. Já para não falar em estar caladinhas. Testei a minha voz a níveis perigosamente esgotantes. Arrependi-me de ter sorrido ao entrar na sala. Vi-os rebolar pelo chão, atirar objectos uns aos outros, agredir-se e ser insolentes e provocadores, achando tudo o que eu pudesse dizer uma grande seca. Com 8 anos.
Mas também vi os meninos que tinha imaginado. Poucos. Vi-os sentados, com os cadernos abertos e lápis na mão, com ar perdido.
Mais do que estar chocada por ter que passar os próximos meses na selva, choca-me o facto de ser esta a escola primária de hoje em dia. E de ser esta a escola que os meus filhos irão frequentar.

1 comentário:

Ana Luísa disse...

:)
Sabes, temos uma prima no Oeste que é professora primária e ela relata muitas coisas parecidas com o que aqui escreveste... Quando dizes que não devias ter sorrido, ela diz que não pode dar uma pequena abertura ou fragilidade que os meninos 'apanham' logo e 'carregam' nesse ponto frágil...
Também acho assustador que assim seja, sendo eles tão pequenos...
Ainda hoje ouvi o D. Sampaio a dizer que as crianças estão muito precoces e que em vez de entrarem na adolescência aos 12/13 anos, aos 9/10 já lá estão...
Beijinhos e força nesta nova etapa.
Parabéns :))