quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dia dos Avós

Por uma feliz coincidência, a escola do Lucas esteve fechada na segunda-feira, o que fez com que ele fosse com o Manuel para casa dos avós. (Teria ido de qualquer modo.)
Assim, tiveram ambos a sorte de passar o Dia dos Avós com os próprios.
Sou grata pelos avós que os meus filhos têm de uma maneira que não consigo explicar.
Os meus pais dedicam-se aos meus filhos de um modo que jamais poderei agradecer. Dedicam-lhes tanto de si, tanto amor, tanto tempo, tanta alegria. É o melhor património que neste momento podem partilhar e a que uma criança pode ser exposta.
Li algures há pouco tempo que os netos são filhos com açúcar. Acho que também posso dizer que os avós são pais com açúcar. A minha mãe é uma mãe com muito açúcar para os meus filhos. Tem uma meiguice e uma paciência invejáveis e sabe levá-los bem melhor que eu (mãe explosiva de pavio curto), sem ser demasiado permissiva. E o meu pai, que às vezes me parece zangado com a vida, brinca às escondidas com o neto mais novo com o maior dos entusiasmos.
De cada vez que os vejo juntos sinto o coração inchar de alegria por termos todos esta oportunidade tão valiosa de enriquecimento mútuo.
E, já que estou numa de agradecimento ao universo, não posso deixar de falar na enorme dádiva que é, aos 36 anos, eu própria ainda ter um avô, um homem extraordinário e de uma lealdade infinita, por um lado severo, mas que sempre se comoveu com os netos e, agora, de uma forma muito especial, com os bisnetos. Agradeço que os meus filhos tenham também um bisavô na vida deles, ainda que não se vejam tantas vezes como eu gostaria.
E depois... ficará para sempre a questão: por que é que perdi tão cedo a minha avó materna, da qual tenho apenas recordações tão vagas?
Sinto uma falta imensa por não ter conhecido mais e crescido com a mãe da minha mãe e sua melhor amiga. E tudo o que ouço sobre ela faz este sentimento de falta crescer ainda mais. Uma mulher tão admirada e estimada que ainda hoje, mais de trinta anos depois de nos ter deixado, repentina e inesperadamente, numa véspera de Natal, as pessoas que a conheceram me vêm falar dela e de como era especial. Tenho a certeza de que teríamos sido também grandes amigas. E sei que ela teria sido a minha mãe com açúcar.
...
Viva os avós. Obrigada aos avós. Sem eles o equilíbrio das famílias seria infinitamente mais frágil.

sábado, 24 de julho de 2010

Toma que é para aprenderes

Quase 10 da manhã e o Lucas ainda dorme. Como hoje fico em casa, deixo-o dormir. Às tantas acorda, bem disposto, e com olhos angelicais pede: Posso ficar em casa?
Tinha pensado em levá-lo para a escola umas horas, mas pronto. Tadinho. Eu em casa com o irmão e levo-o para a escola? Que mãe megera.
Fica em casa, e os dois brincam enquanto eu faço as mil coisas que tenho na lista, e eu toda contente por ter os meus meninos comigo e até faço tudo mais depressa.
Pois claro.
Mas não. Claro que não correu assim. Nunca corre, mas acho que faz parte da condição de mãe esta esquizofrenia de sentimentos.
Será desnecessário dizer que não brincaram harmoniosamente nem 5 minutos.
Que, quando estão juntos, só têm ideias levadas da breca.
Não vou entrar em detalhes sobre o quase-partido-candeeiro-de-lava no móvel da sala.
Também não vale a pena falar muito sobre o iogurte líquido entornado sobre metade da extensão do acabado-de-lavar-chão-da-cozinha. (Como fazer com que os sapatos deixem de se colar ao chão, mesmo após várias passagens com a esfregona? Anyone?)
Só queria contar que, ao fim do dia, sentei-me desgrenhada no sofá e enviei ao meu esposo a seguinte sms:
"O Lucas e o Manuel são meus filhos e amo-os muito. Mas, por favor, quando chegares a casa faz com que eu não dê por eles durante o resto do dia."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Buraco no coração

Tal como no ano passado por esta altura, o Manuel foi de férias com os avós.
Quando retirámos do carro a cadeirinha para a colocar no carro do avô, ficaram no banco umas mossas, fruto de 2 anos de Manuel sentado, com o seu peso crescente. Com o passar dos dias e a ausência da cadeira, as mossas foram desaparecendo, e o banco voltou a estar como novo. Ao contrário de mim. Com o passar dos dias e a ausência do Manuel, as mossas no meu coração foram aumentando até se transformarem numa cratera, que tenho agora que contornar com cuidado, para não cair lá para dentro.