segunda-feira, 21 de junho de 2010

A perda do Self

No passado fim-de-semana estive com uma amiga de longa data. Era domingo, meio-dia e ela tinha acabado de se levantar. Não tem filhos, já se vê. Há quantos anos não durmo até ao meio-dia? Não quero contar. (7)
Fiquei a pensar. (medo)
Os filhos tiram-nos tanto. Queremos dormir mais um pouco - hahaha, perdão - queremos dormir a noite toda seguidinha e, nope, só se eles deixarem.
De manhã queremos sair de casa a horas, impossível.
Queremos manter a roupa pouco enxovalhada ou, vá, sem nódoas, antes de ir para o trabalho, ensinam-nos a cada manhã valores mais nobres que o aspecto físico.
Queremos passar o sábado de papo para o ar a ler, dão-nos com o martelo do Bob o Construtor na testa e obrigam-nos a dar corda aos sapatos.
Queremos tomar o pequeno almoço às tantas e só voltar a comer ao jantar, e lá vêm os sentimentos de culpa.
Queremos almoçar no restaurante indiano que abriu há pouco tempo aqui perto, mandam-nos plantar batatas com as novas experiências culinárias, que eles é que não abrem a boca para comer aquilo, e é ver chacuti de frango a voar pela sala.
Queremos sair com amigos, ir ao cinema, ir ao teatro, bezerrar em frente à televisão ou qualquer outra actividade mais ou menos interessante... mas não. Eles é que mandam.
Só que depois... (e avisa-se desde já a quem não tem filhos para se abster de fazer julgamentos sobre as próximas frases, do género ai que lamechice)
... olham para nós e falam-nos do planeta Pluto, que já não existe. Contam-nos que "uns astronautas foram lá e viram que já não dá para viver ali. Por isso o Pluto foi-se embora. É mesmo verdade!"
... ou então adormecem ao nosso lado com a cara colada à nossa e transmitem-nos a melhor sensação do mundo porque mostram que tudo está bem só porque estamos ali.
... ou então vamos pela rua e sentimos aquelas mãozitas, tão pequenas mas que enchem as nossas, dizendo-nos que estão prontos para ir connosco para todo o lado e para nos mostrar detalhes no caminho que não veríamos sem eles.
... vêm a correr para nós quando os vamos buscar à tarde como se fossemos a pessoa mais importante do mundo, porque somos a pessoa mais importante do seu mundo.
... mostram-nos que o probleminha que nos estava a chatear afinal é tão insignificante ao lado de uma gargalhada, de um abraço, de um olhar de cumplicidade.

Os filhos tiram-nos tanto... tiram-nos quase tudo o que achávamos que era essencial, para depois nos retribuirem com tão mais do que é, mesmo, invisível aos olhos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coisas do Lucas 29

8 da manhã. O Lucas prepara-se para ir para a escola. Diz-me que é hoje o torneio contra os meninos do primeiro ano, enquanto veste uns calções de futebol. Calça as meias mais compridas que encontra na gaveta e estica-as o mais que pode. As danadas, porém, não ficam nos joelhos e insistem em escorregar pelas canelas abaixo. Depois de as puxar furiosamente para cima umas quantas vezes, o Lucas irrita-se, mas logo encontra uma solução.
- Ó mãe, traz-me aí a cola.

domingo, 6 de junho de 2010

Coisas do Lucas 28

Menina estás à janela com o teu................
Estou na cozinha
a cantarolar. O Lucas aparece e pergunta:

- Essa canção é do Toni Carreira?


Choque.